Fabaceae

Machaerium caratinganum Kuhlm. & Hoehne

Como citar:

Eduardo Fernandez; Marta Moraes. 2020. Machaerium caratinganum (Fabaceae). Lista Vermelha da Flora Brasileira: Centro Nacional de Conservação da Flora/ Instituto de Pesquisas Jardim Botânico do Rio de Janeiro.

NT

EOO:

105.836,552 Km2

AOO:

72,00 Km2

Endêmica do Brasil:

Sim

Detalhes:

Espécie endêmica do Brasil (Flora do Brasil 2020 em construção, 2019), com ocorrência nos estados: BAHIA, município de Macarani (Thomas 13630), Vitória da Conquista (Carvalho 3797); ESPÍRITO SANTO, município de Aracruz (Robson 958), Linhares (Folli 4940), Pinheiros (Leoni 6016), Santa Teresa (Rossini 491), Serra (Filardi 761); MINAS GERAIS, município Caratinga (Kuhlmann s.n.), Dionísio (Campos s.n.), Jequitinhonha (Lima 7850), Marliéria (Bortoluzzi 213), Medina (Salino 4659), São Pedro do Suaçui (Tameirão-Neto 3171).

Avaliação de risco:

Ano de avaliação: 2020
Avaliador: Eduardo Fernandez
Revisor: Marta Moraes
Categoria: NT
Justificativa:

Árvores, arvoretas, arbustos e lianas de até 6 m , endêmica do Brasil (Flora do Brasil 2020 em construção, 2019). Conhecida popularmente como Jacarandá-roseira, foi documentada em Floresta Estacional Semidecidual e Floresta Ombrófila (= Floresta Pluvial) associadas à Mata Atlântica nos estados da Bahia, Espírito Santo e Minas Gerais. Apresenta distribuição relativamente ampla, EOO=89750 km² e sete situações de ameaça, considerando-se o adensamento de coletas nas extremidades da EOO conhecida. Também apresenta constante presença em herbários, com coletas realizadas recentemente (2014), inclusive dentro de Unidades de Conservação de proteção integral, como o Parque Nacional do Rio Doce (MG). Machaerium caratinganum ocorre de forma restrita às formações florestais da Mata Atlântica, que sofre constantemente desmatamento para extração de lenha e madeira e também com a histórica conversão de formações vegetacionais originais em áreas de pastagens e cultivos agrícolas em variadas escalas (Lapig, 2018, 2019). A espécie poderia ser considerada Em Perigo (EN) pelo critério B2 (AOO=72 km²), porém não existem dados específicos sobre usos que ocasionem declínio contínuo no número de indivíduos em suas subpopulações. Diante desse cenário, portanto, a espécie foi considerada Quase Ameaçada (NT) de extinção neste momento, uma vez que extinções locais ocasionadas a partir das ameaças descritas podem levar a declínio contínuo em EOO, AOO, qualidade e extensão do habitat, número de situações de ameaça e potencialmente, no número de indivíduos maduros. Recomendam-se ações de pesquisa (distribuição, números e tendências populacionais) e conservação (Plano de Ação) urgentes a fim de se garantir sua perpetuação na natureza, uma vez que a persistência dos vetores de stress descritos podem ampliar seu risco de extinção no futuro.

Último avistamento: 2014
Quantidade de locations: 7
Possivelmente extinta? Não
Severamente fragmentada? Sim

Perfil da espécie:

Obra princeps:

Descrita em: Arquivos de Botânica do Estado de São Paulo 1: 30, pl. 30. 1938. Conhecida popularmente como Jacarandá-roseira (Flora do Brasil 2020 em construção, 2019).

Valor econômico:

Potencial valor econômico: Desconhecido
Detalhes: Não é conhecido o valor econômico da espécie.

População:

Detalhes: Não existem dados sobre a população.

Ecologia:

Substrato: terrestrial
Forma de vida: tree, bush, liana, small tree
Longevidade: perennial
Luminosidade: heliophytic
Biomas: Mata Atlântica
Vegetação: Floresta Estacional Semidecidual, Floresta Ombrófila (Floresta Pluvial)
Habitats: 1.5 Subtropical/Tropical Dry Forest, 1.6 Subtropical/Tropical Moist Lowland Forest
Detalhes: Árvores, arvoretas, arbustos e Lianas de até 6 m de altura (Rossini 491), heliófila (Bovini 1394), ocorrendo no domínio da Mata Atlântica na Floresta Estacional Semidecidual, Floresta Ombrófila (= Floresta Pluvial) (Flora do Brasil 2020 em construção, 2019).
Referências:
  1. Flora do Brasil 2020 em construção, 2019. Machaerium in Flora do Brasil 2020 em construção. Jardim Botânico do Rio de Janeiro.Disponível em: <http://floradobrasil.jbrj.gov.br/reflora/floradobrasil/FB101137>. Acesso em: 05 Dez. 2019

Ameaças (4):

Estresse Ameaça Declínio Tempo Incidência Severidade
1.1 Ecosystem conversion 2.1 Annual & perennial non-timber crops habitat past,present regional high
A área relativamente grande ocupada por categorias de uso do solo como pastagem, agricultura e solo descoberto, e a pequena área relativa ocupada por floresta em estágio avançado de regeneração revelam o alto grau de fragmentação da Mata Atlântica no Sul-Sudeste da Bahia (Landau, 2003, Saatchi et al., 2001). Grande parte das florestas úmidas do sul da Bahia estão fragmentadas como resultado da atividade humana realizadas no passado, tais como o corte madeireiro e implementação da agricultura (Paciencia e Prado, 2005). Estima-se que a região tenha 30.000 ha de cobertura florestal (Paciencia e Prado, 2005), 40.000 ha em estágio inicial de regeneração e 200.000 ha em área de pasto e outras culturas, especialmente cacau, seringa, piaçava e dendê (Alger e Caldas, 1996). A maioria das propriedades particulares são fazendas de cacau, o principal produto da agricultura (Paciencia e Prado, 2005), sendo a cabruca considerada a principal categorias de uso do solo na região econômica Litoral Sul da Bahia (Landau, 2003). Nas florestas litorâneas atlânticas dos estados da Bahia e Espírito Santo, cerca de 4% da produção mundial de cacau (Theobroma cacao L.) e 75% da produção brasileira é obtida no que é chamado localmente de "sistemas de cabruca". Neste tipo especial de agrossilvicultura o sub-bosque é drasticamente suprimido para dar lugar a cacaueiros e a densidade de árvores que atingem o dossel é significativamente reduzida (Rolim e Chiarello, 2004, Saatchi et al., 2001). De acordo com Rolim e Chiarello (2004) os resultados do seu estudo mostram que a sobrevivência a longo prazo de árvores nativas sob sistemas de cabruca estão sob ameaça se as atuais práticas de manejo continuarem, principalmente devido a severas reduções na diversidade de árvores e desequilíbrios de regeneração. Tais resultados indicam que as florestas de cabrucas não são apenas menos diversificadas e densas do que as florestas secundárias ou primárias da região, mas também que apresentam uma estrutura onde espécies de árvores dos estágios sucessionais tardios estão se tornando cada vez mais raras, enquanto pioneiras e espécies secundárias estão se tornando dominantes (Rolim e Chiarello, 2004). Isso, por sua vez, resulta em uma estrutura florestal drasticamente simplificada, onde espécies secundárias são beneficiadas em detrimento de espécies primárias (Rolim e Chiarello, 2004).
Referências:
  1. Alger, K., Caldas, M., 1996. Cacau na Bahia: Decadência e ameaça a Mata Atlântica. Ciência Hoje, 20, 28-35.
  2. Landau, E.C., 2003. Padrões de ocupação espacial da paisagem na Mata Atlântica do sudeste da Bahia, Brasil, in: Prado, P.I., Landau, E.C., Moura, R.T., Pinto, L.P.S., Fonseca, G.A.B., Alger, K. (Orgs.), Corredor de biodiversidade da Mata Atlântica do sul da Bahia. IESB/CI/CABS/UFMG/UNICAMP, Ilhéus, p. 1–15.
  3. Paciencia, M.L.B., Prado, J., 2005. Effects of forest fragmentation on pteridophyte diversity in a tropical rain forest in Brazil. Plant Ecol. 180, 87–104.
  4. Rolim, S.G., Chiarello, A.G., 2004. Slow death of Atlantic forest trees in cocoa agroforestry in southeastern Brazil. Biodivers. Conserv. 13, 2679–2694.
  5. Saatchi, S., Agosti, D., Alger, K., Delabie, J., Musinsky, J., 2001. Examining fragmentation and loss of primary forest in the Southern Bahian Atlantic Forest of Brazil with radar imagery. Conserv. Biol. 15, 867–875.
Estresse Ameaça Declínio Tempo Incidência Severidade
1.2 Ecosystem degradation 3.2 Mining & quarrying past,present,future regional very high
A região ao redor do município de Linhares (ES) vem sendo ocupada por empreendimentos minerários, há documentos de processos recentes em andamento para autorização de pesquisa de áreas a serem mineradas (DNPM, SIGMINE, 2019). Essa região foi recentemente (2015) diretamente afetada pelo maior desastre ambiental causado por mineração, com o rompimento da barragem de Fundão no município de Mariana (MPF, 2017). Os efeitos do acumulo de minérios tóxicos no solo ainda estão sendo estudados, porém eventos similares na região podem destruir em um único evento milhares de hectares de Floresta Estacional Semidecidual na região, habitat preferencial da espécie, assim como ocorreu com florestas na região de Mariana (Do Carmo, 2017).
Referências:
  1. DEPARTAMENTO NACIONAL DE PRODUÇÃO MINERAL - DNPM. SIGMINE: Informações Geográficas da Mineração. http://sigmine.dnpm.gov.br/webmap/, (acesso em 08 de junho 2019).
  2. Ministério Publico Federal, 2017. Denúncia Apresentada contra mineradora SAMARCO pelo desastre ambiental provocado pelo rompimento da barragem Fundão, Autos do Processo de Denúncia.
  3. Do Carmo, F.F. do, Hiromi, L., Kamino, Y., Tobias, R., Christina, I., Campos, D., Fonseca, F., Silvino, G., Junio, K., Castro, X. De, Leite, M., Uchoa, N., Rodrigues, A., Paulo, M., Miranda, D.S., Eduardo, C., Pinto, F., 2017. Fundão tailings dam failures : the environment tragedy of the largest technological disaster of Brazilian mining in global context. Perspect. Ecol. Conserv. 15, 145–151. https://doi.org/10.1016/j.pecon.2017.06.002
Estresse Ameaça Declínio Tempo Incidência Severidade
1.1 Ecosystem conversion 1.1 Housing & urban areas habitat past,present national very high
Vivem no entorno da Mata Atlântica aproximadamente 100 milhões de habitantes, os quais exercem enorme pressão sobre seus remanescentes, seja por seu espaço, seja pelos seus inúmeros recursos. Ainda que restem exíguos 7,3% de sua área original, apresenta uma das maiores biodiversidades do planeta. A ameaça de extinção de algumas espécies ocorre porque existe pressão do extrativismo predatório sobre determinadas espécies de valor econômico e também porque existe pressão sobre seus habitats, sejam, entre outros motivos, pela especulação imobiliária, seja pela centenária prática de transformar floresta em área agrícola (Simões e Lino, 2003).
Referências:
  1. Simões, L.L., Lino, C.F., 2003. Sutentável Mata Atlântica: a exploração de seus recursos florestais. São Paulo: Senac.
Estresse Ameaça Declínio Tempo Incidência Severidade
1.2 Ecosystem degradation 2.3 Livestock farming & ranching habitat past,present local high
O município de Macarani (BA) com 121010 tem 73008 (60%) de seu território convertidos em pastagem (Lapig, 2019). O município de Vitória da Conquista com 370400 ha tem 42% de seu território (154333 ha) transformados em pastagem (Lapig, 2018). O município de Aracruz (ES) com 142334 ha tem 28462 ha (20%) de seu território convertidos em pastagem (Lapig, 2018). O município de Linhares com 350371 ha, possui 34% de sua área (117270 ha) convertida em pastagem (Lapig 2018). O município de Pinheiros (ES) tem 35% de seu território utilizado para pastagem (Lapig, 2018). O município de Santa Teresa com 68315 ha tem 12,3% de seu território (8449 ha) transformados em pastagem (Lapig, 2018). O município de Serra, com 55164 ha, tem 26,5% de seu território (14164 ha) transformados em pastagens (Lapig 2018). O município de Caratinga (MG) com 125877 tem 63061 (50%) de seu território convertidos em pastagem (Lapig, 2019). O município de Dionísio (MG) com 34444 ha tem 31% de seu território (10846 ha) convertidos em pastagem (Lapig, 2018). O município de Jequitinhonha (MG), com cerca de 351.420 ha, contém 14,5% (50.961 ha) de sua área convertida em pastagens (Lapig, 2019). O município de Manhuaçu (MG) com 62832 tem 24552 (39%) de seu território convertidos em pastagem (Lapig, 2019). O município de Medina (MG) com 143590 tem 36430 (25%) de seu território convertidos em pastagem (Lapig, 2019). O município de São Pedro do Suaçuí (MG) com 30810 tem 14375 (47%) de seu território convertidos em pastagem (Lapig, 2019).
Referências:
  1. Lapig, 2019. http://maps.lapig.iesa.ufg.br/lapig.html (acesso em novembro 2019).
  2. Lapig, 2018. http://maps.Lapig.iesa.ufg.br/Lapig.html (acesso em 28 de novembro 2018).

Ações de conservação (2):

Ação Situação
5.1.2 National level needed
A espécie ocorre em um território que será contemplado por Plano de Ação Nacional (PAN) Territorial, no âmbito do projeto GEF pró-espécies: todos contra a extinção: Território Espírito Santo- 33 (ES) e Território Itororó - 35 (BA).
Ação Situação
1.1 Site/area protection on going
A espécie foi coletada em: Parque Estadual do Rio Doce (Bovini 1394).

Ações de conservação (1):

Uso Proveniência Recurso
17. Unknown
Não existem dados sobre usos efetivos ou potenciais.